Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica (Comunhão Anglicana)

IGREJA LUSITANA Católica Apostólica Evangélica[Comunhão Anglicana]

 

Encontro Inter-Religioso

Peregrinos da Verdade, Peregrinos da Paz

 

A todos saúdo em nome da Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica e no meu próprio como seu Bispo Diocesano. Somos uma comunidade cristã portuguesa, de mais de 130 anos, com uma organização diocesana e diversas Paróquias espalhadas pelo País. Somos, também, parte da Comunhão Anglicana, família mundial de igrejas que tem por sinal visível de unidade o Senhor Arcebispo de Cantuária. Desenvolvemos em Portugal a actividade religiosa de louvor a Deus e de anúncio e testemunho do Evangelho de Jesus Cristo, a par de uma ação social de serviço a crianças e idosos, entre os mais carenciados da nossa população. Participámos no Movimento Ecuménico desde os seus primórdios, no nosso país, e a nível internacional, como membros do Conselho Mundial de Igrejas.

 

Nesta breve intervenção, ao celebrar o 25º aniversário do “Espírito de Assis”, como peregrinos da Verdade e da Paz, gostaria de apresentar duas notas.

Uma primeira. Cada pessoa, qualquer que seja a sua religião, ou mesmo sem religião, é de um incomensurável valor aos olhos de Deus, do que resulta que a Paz só se realiza verdadeiramente quando compreendemos que qualquer pessoa nos deve merecer a nossa incomensurável atenção e compreensão. É esse o testemunho de vida do jovem Francisco de Assis na sua dedicação ao próximo, através de uma compreensão sincera e simples das pessoas e das suas circunstâncias, ou seja, vendo no “outro” a própria imagem de Deus. Neste sentido, a Paz a que somos chamados ultrapassa as atitudes de tolerância e de respeito, pois apela a um olhar para o “outro” como parte de nós, como alguém de quem precisamos para melhor nos conhecermos.  

 

A segunda nota. Apercebemo-nos hoje com a globalização que somos cidadãos do mundo e, desse modo, parte e companheiros de todo o ser humano, nas suas tristezas e alegrias, nos seus sofrimentos e nas suas esperanças. Mas, ao mesmo tempo, apercebemo-nos das nossas diferentes pertenças culturais e religiosas, das nossas diferentes identidades. Descobrimos que existem idiossincrasias e condicionalismos que nos distinguem. É aqui que se levanta a questão da Verdade. Peregrinar na Verdade exige a humildade de abdicarmos de sentimentos de auto-suficiência e de arrogância identitária, religiosa, cultural ou outra, banindo o estigma, o preconceito e a superstição. É no olhar compassivo e no diálogo aberto que se pode encontrar a compreensão da diversidade que pode transformar o opressor antagonismo num alegre e colorido arco-íris. Assim podemos contribuir para que este tempo de violência, de insegurança, de falta de sentido, que semeia o medo, a angústia e a incerteza no coração dos homens se transforme verdadeiramente numa caminhada pacífica de uns com os outros.

 

Numa palavra, seremos peregrinos da Paz e da Verdade na medida em que o nosso caminhar se faça com o outro, na diversidade do seu ser. Assim a Paz se irá concretizando nos corações rendidos à instância superior do amor, o Deus criador.

 

Oração

Deus, nosso Pai, Tu és a fonte de toda a verdade e de toda a paz;

Livra o mundo da auto-suficiência e do orgulho arrogante, do ódio e da mentira, do preconceito e do medo; inspira com a sabedoria do Teu amor aqueles que dirigem as nações da terra e todos os líderes religiosos, de tal modo que a paz e a justiça se firmem entre e no seio dos povos, e o teu reino avance entre nós.

Mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. Ámen.

 

26 de Outubro de 2011

Fernando Soares, Bispo Diocesano